Oportunidades e desafios tecnológicos no agronegócio em 2025
A ascensão da tokenização de commodities, compras e pagamento online de insumos e monitoramento remoto de máquinas, especialmente para pequenos produtores, estão entre as principais tendências do próximo ano
São Paulo, dezembro de 2024 - O setor agrícola brasileiro, uma das bases mais sólidas da economia nacional, está se transformando rapidamente com a introdução de novas tecnologias. De acordo com levantamento realizado pela 360 Research & Reports mostra que o mercado global de agricultura digital deve crescer 183% até 2026, movimentando US$8,33 bilhões.
Com isso, à medida que 2025 se aproxima, três inovações se destacam como as principais tendências que devem moldar o futuro da agricultura: a tokenização de commodities, as compras e pagamentos on-line de insumos agrícolas e os sistemas de monitoramento remoto de máquinas agrícolas, principalmente, nas de menor porte, destinadas à agricultura familiar brasileira. Essas tendências não apenas representam uma mudança de paradigma, mas também trazem desafios e oportunidades para produtores, empresas e investidores.
Tokenização de commodities: uma transformação no mercado
A tokenização de commodities é uma inovação que está ganhando destaque no mercado agrícola. Através da tecnologia blockchain, commodities como soja, milho, café, trigo, cana-de-açúcar e outros podem ser transformadas em moedas digitais, permitindo que os produtores tenham acesso a uma negociação mais ágil, simples e segura, além de maior liquidez.
Para se ter uma ideia, estima-se que a tokenização de ativos em vários mercados cresça de forma significativa em todo o mundo, alcançando um mercado de até US$ 10 trilhões até 2030, segundo análises da consultoria global Roland Berger. Isso representa um aumento expressivo em relação ao valor atual de aproximadamente US$ 300 bilhões, sinalizando um avanço considerável no setor de tokenização de ativos reais.
“A adoção de novas tecnologias no agronegócio deixou de ser apenas uma vantagem competitiva para se tornar uma exigência no mercado global. Iniciativas como a tokenização de commodities via blockchain representam um marco, permitindo que produtores de todos os tamanhos acessem mercados mais amplos com maior segurança, transparência e agilidade. Além disso, essas inovações oferecem às indústrias a possibilidade de introduzir soluções como o barter digital, criando novas formas de pagamento para seus clientes. O blockchain garante rastreabilidade, imutabilidade e confiabilidade nos processos, trazendo benefícios únicos para toda a cadeia. O diferencial está em integrar essas tecnologias às necessidades reais dos produtores, garantindo que sejam acessíveis e adaptadas às condições locais. Isso fortalece não apenas a produção, mas toda a cadeia do agronegócio”, afirma Eduardo Astrada, CEO da Agrotoken.
Compras e pagamentos online de insumos agrícolas: praticidade e eficiência no campo
Com a digitalização do setor agro, as compras e os pagamentos online de insumos agrícolas têm se tornado uma tendência crescente. A facilidade de adquirir produtos como fertilizantes, defensivos e sementes pela internet oferece aos produtores uma alternativa prática e eficiente, além de reduzir os custos operacionais. Dados da McKinsey na pesquisa “A mente do agricultor brasileiro 2024”, revelam que 71% dos produtores rurais já utilizam plataformas online em suas jornadas de compra, consolidando o papel fundamental dos marketplaces no setor.
No Brasil, a Orbia, uma das pioneiras no assunto, e outras plataformas digitais já oferecem soluções que integram o processo de compra, pagamento e entrega de insumos, tornando as transações mais rápidas e seguras. A expectativa é que a adesão a essas plataformas cresça no próximo ano, à medida que os agricultores busquem soluções para otimizar a cadeia de suprimentos e a gestão financeira.
“Os produtores estão cada vez mais buscando soluções tecnológicas para otimizar as atividades também “fora da porteira”, como é o caso da possibilidade de comprar e pagar pelos insumos pela internet. Essa busca por novas tecnologias é impulsionada por diversos fatores. Um deles é a necessidade de reduzir custos, uma vez que as plataformas online permitem que os produtores comparem preços de diferentes fornecedores em tempo real, o que além de economia, também garante mais agilidade no processo”, destaca Ivan Moreno, CEO da Orbia.
Sistemas de monitoramento remoto de máquinas agrícolas de menor porte: a revolução da agricultura de precisão na agricultura familiar
O monitoramento remoto de máquinas agrícolas, aliado à agricultura de precisão, também tem sido uma tendência que cresce rapidamente no Brasil e no mundo e que deve perdurar em 2025. Sensores e sistemas de rastreamento com comunicação via GPRS e GPS oferecem aos produtores, principalmente os de pequeno e médio porte, também a possibilidade de acompanhar em tempo real o desempenho de suas máquinas, prevenindo falhas e otimizando o uso de recursos como combustível e tempo.
Esse aumento gradual da adoção de máquinas conectadas já é sentida na prática. De acordo com um estudo conduzido pela pesquisadora Maira de Souza Regis, da Universidade de Brasília (UnB), mais de 95% dos produtores rurais utilizam algum tipo de tecnologia digital em suas propriedades. Apesar da alta adesão, o avanço mais robusto dessas ferramentas é dificultado pela conectividade precária no campo. O levantamento mostra que o uso de softwares e aplicativos de gestão é maior no Centro-Oeste, adotado por 80% dos produtores, enquanto no Nordeste, essa porcentagem é de apenas 41%.
“Sabemos que a tecnologia já é uma realidade no campo, mas ainda pouco acessível e não completamente disponível para o produtor rural, principalmente no contexto da agricultura familiar. Embora este perfil represente um dos maiores volumes de produção no Brasil, o acesso a novas tecnologias ainda é limitado e, muitas vezes, pouco funcional. Pensando nisso, já disponibilizamos ao mercado sistemas de monitoramento que realmente funcionam, acessíveis e em modelos de máquinas de menor porte, a exemplo de tratores com somente 26 cavalos de potência”, comenta Fábio Miskulin, gerente de Pós-Vendas e de Marketing da YANMAR South America.
Desafios no caminho da inovação
Embora essas inovações tragam grandes promessas para o setor agro, também existem desafios. A falta de infraestrutura tecnológica em algumas regiões do Brasil, a resistência à mudança por parte de alguns produtores e as questões regulatórias envolvendo a tokenização de commodities são obstáculos que precisam ser superados.
Em 2025, essas três principais tendências estarão não apenas otimizando a produção, mas também redefinindo a forma como os negócios são conduzidos no campo. Superar os desafios e adaptar-se a essas novas possibilidades será crucial para os agricultores que desejam manter sua competitividade em um mercado cada vez mais digital e globalizado.
Fonte: Kelly Moraes
kelly.moraes@nr7.ag
Por: Luís Celso News
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