Apesar de avanços, logística farmacêutica esbarra em roubo de cargas e custos elevados

Estudo conduzido pela Deloitte a pedido da ABRADIMEX apontou que distribuição chega a todas as regiões do país, mas desafios com segurança e fretes impactam o setor

Apesar de avanços, logística farmacêutica esbarra em roubo de cargas e custos elevados

Um levantamento inédito analisou a logística de distribuição de medicamentos no Brasil e trouxe dados relevantes sobre o setor. Conduzido pela Deloitte a pedido da Associação Brasileira de Distribuidores de Medicamentos Especializados, Excepcionais e Hospitalares (ABRADIMEX), o estudo apontou que a distribuição farmacêutica alcança todas as regiões do país, com maior concentração no Sudeste e Sul, e enfrenta desafios como o roubo de cargas e o aumento dos custos logísticos.

Segundo o relatório, cerca de 80% dos deslocamentos de medicamentos no país são feitos por transporte terrestre, enquanto 20% ocorrem por via aérea. A distribuição abrange 100% dos municípios da região Sul, 99% no Sudeste, 93% no Centro-Oeste, 67% no Nordeste e 63% no Norte.

Para garantir a eficiência das entregas, os centros de distribuição (CDs) estão estrategicamente localizados em 56 cidades, próximos a rodovias e aeroportos. “Cada CD atende, em média, 45 municípios, com variações em função de fatores como extensão territorial e infraestrutura de transporte”, disse o presidente-executivo da ABRADIMEX, Paulo Maia.

A necessidade de controle rigoroso da temperatura é um fator essencial no transporte de medicamentos, especialmente os termolábeis, como aqueles utilizados para tratamento oncológico, endócrino e reumatológico. As normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) exigem que esses produtos sejam transportados a temperaturas iguais ou inferiores a 8?°C.

O estudo revelou que, no caso dos medicamentos de referência, similares e genéricos, 71% necessitam de refrigeração e 29% exigem cuidados especiais na armazenagem e transporte. “O custo do transporte no Brasil pode se elevar ainda mais devido à vasta extensão geográfica e à variação climática, agravada pelo aquecimento global. Mas esse panorama só reforça a função estratégica exercida pelas distribuidoras”, acentuou Maia.

ROUBO DE CARGAS E AUMENTO DE CUSTOS LOGÍSTICOS

Apesar da capilaridade e eficiência do setor, a segurança no transporte tem sido um desafio crescente. O estudo indicou que os produtos farmacêuticos representam apenas 2% das cargas roubadas no Brasil, mas são alvos frequentes devido ao seu alto valor agregado, facilidade de revenda e dificuldade de rastreamento.

O relatório destacou que 85% dos roubos de carga ocorrem na região Sudeste, com maior incidência em vias urbanas e rodovias. Além disso, a invasão a depósitos e centros de distribuição tem aumentado desde 2022.

De acordo com a pesquisa, os gastos com segurança cresceram até 20% para metade das empresas, enquanto 20% dos distribuidores elevaram esse custo em até 40% e 17% em até 60%. Na visão dos mais de metade de 40 especialistas em gerenciamento de risco no transporte de carga, haverá elevação nos furtos para remessas farmacêuticas em 2025. “Os empreendedores arcam com a elevação do frete de 5% a 10% em zonas de risco, encarecimento do seguro e alto investimento na adoção de carros blindados, escolta e tecnologia de segurança”, disse o presidente-executivo da ABRADIMEX.

ROUBO DE CARGAS DE FORMA GERAL

O roubo de cargas é um problema que extrapola os limites da logística farmacêutica. Porém, apesar da persistência dessa questão no transporte brasileiro, um novo levantamento mostra um cenário positivo para o mercado: a redução de 32% na sinistralidade em 2024, comparado ao ano anterior. O dado, que reflete a relação entre prejuízo final e valores gerenciados, faz parte do “Report Anual de Roubo de Cargas nstech 2024”.

Segundo a companhia, investimentos em tecnologia e aprimoramento de processos foram os principais responsáveis pela redução. O relatório destacou a evolução das ferramentas de gestão de risco, monitoramento e rastreamento de veículos, além de um reforço na inteligência de dados aplicada à segurança logística. “Não é um único elemento que garante o sucesso, mas sim a aplicação coordenada de diferentes tecnologias e estratégias”, enfatizou Mauricio Ferreira, vice-presidente de Inteligência de Mercado da nstech.

 

Fonte: Redação - Mundo Logística

Por: Luís Celso News

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