Comunicações Navais: conheça a rede invisível que conecta e protege a Amazônia Azul
Marinha investe em tecnologia para garantir operações seguras e eficientes nos mares do País

Na sexta-feira (28), a Marinha do Brasil (MB) celebra o Dia das Comunicações Navais, uma data instituída em memória do Vice-Almirante Tácito Reis de Moraes Rego, patrono que deixou um legado importante para o desenvolvimento dessa área estratégica.
Essenciais para a conexão entre navios, submarinos, aeronaves e bases terrestres, as Comunicações Navais garantem a coordenação e a eficiência das operações da MB. Desde a criação do Serviço Radiotelegráfico da Marinha, em 1907 — marco do início da telegrafia sem fio no País —, os sistemas de comunicação naval passaram por constante evolução, incorporando tecnologias como redes de dados de alta frequência, fibras ópticas, rádio enlaces e comunicação via satélite. Esses avanços têm sido fundamentais para fortalecer a integração e a segurança das unidades navais.
Além de possibilitar a troca de informações em tempo real e a tomada de decisões rápidas, as comunicações seguras e confiáveis desempenham um papel estratégico na defesa do território e na proteção dos interesses marítimos do Brasil. Em operações de Busca e Salvamento, por exemplo, a precisão e rapidez na transmissão de informações podem fazer a diferença entre salvar ou perder vidas. Os sistemas também são usados no monitoramento e proteção das Águas Jurisdicionais Brasileiras, no combate a atividades ilegais, segurança da navegação e prevenção da poluição hídrica.
Na estrutura da Força Naval, a Diretoria de Comunicações e Tecnologia da Informação (DCTIM) é a responsável por assegurar a eficiência do Sistema de Comunicações da Marinha (SISCOM) e proteger o espaço cibernético de interesse da MB. A organização também lidera a implementação de padrões tecnológicos que contribuem para o preparo e a empregabilidade do Poder Naval.
“Nas últimas 3 décadas, tamanha velocidade nos avanços da Tecnologia da Informação, protocolos de transferência de dados sem fio, transmissões por radiofrequência, cobertura satelital e consolidação da rede mundial de computadores nos trouxeram modernidade, mas também um cenário de volatilidades e incertezas; ambiente complexo e ambíguo, no qual as Comunicações Navais encontram-se inseridas”, explica o Diretor de Comunicações e Tecnologia da Informação da Marinha, Contra-Almirante João Candido Marques Dias.
O renascimento das comunicações em Alta Frequência
Após décadas de declínio, as comunicações em Alta Frequência (HF) têm experimentado um processo de revitalização, posicionando-se como uma solução estratégica para complementar os sistemas satelitais. Inicialmente substituídos por satélites devido às suas altas taxas de transmissão, facilidade de operação e independência das condições ionosféricas, os sistemas HF foram gradualmente deixados em segundo plano no final do século XX. Além disso, o avanço da internet e a crescente demanda por banda larga reforçaram o predomínio das comunicações satelitais.
No entanto, as vulnerabilidades inerentes às tecnologias satelitais, como a suscetibilidade a interferências, ataques cibernéticos e armas antissatélite (ASATs) trouxeram à tona a necessidade de alternativas confiáveis. Outros desafios, como o elevado investimento para implementação e os danos causados por fenômenos geomagnéticos, evidenciam as limitações dos sistemas baseados em satélites, especialmente em regiões polares.
Com a revalorização das comunicações em HF, avanços tecnológicos têm impulsionado seu renascimento. O desenvolvimento de sistemas de HF de banda larga e a introdução de tecnologias como o Automatic Link Establishment (ALE), que automatizam o estabelecimento de conexões, tornaram essas soluções mais rápidas e eficientes. Técnicas avançadas de propagação de ondas de rádio e modulação digital também contribuíram para a melhoria na clareza e confiabilidade das transmissões.
Outra inovação significativa é o uso de voz digitalizada com criptografia, que oferece segurança mesmo em condições adversas. Recursos de correção de erros e novas formas de transmissão de sinais elevaram o padrão das comunicações em HF, consolidando esses sistemas como contingências indispensáveis para garantir conectividade em cenários críticos.
A modernização das comunicações em HF permitiu que muitas de suas deficiências tradicionais fossem superadas, garantindo maior confiabilidade e eficiência em operações militares e navais. Atualmente, esses sistemas agem na resiliência das comunicações, atuando como contingência estratégica frente aos desafios e riscos associados às tecnologias satelitais.
“Atenta, a Marinha do Brasil tem realizado investimentos na Modernização do Sistema de Comunicações da Marinha (SISCOM), por meio da aquisição de modernos equipamentos em HF de banda larga e comando automático das Estações Rádio, bem como na Rede de Comunicações Integrada da Marinha (RECIM), complexa rede de dados de alta velocidade, conectada por fibras ópticas, rádio enlaces e satélites”, complementa o Contra-Almirante Candido Marques.
As Estações Rádio da Marinha
A MB mantém uma rede de nove Estações Rádio, estrategicamente posicionadas pelos Distritos Navais, para garantir o suporte contínuo aos navios em operação. Essas estações estão localizadas em Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Natal (RN), Belém (PA), Rio Grande (RS), Ladário (MS), Brasília (DF), São Paulo (SP) e Manaus (AM), cobrindo amplamente o território nacional e regiões de interesse estratégico.
Funcionando 24 horas por dia, essas Estações atuam na troca de informações em frequências específicas, essenciais para a coordenação de operações navais. Suas ações incluem o envio e recebimento de mensagens críticas, a transmissão de dados operacionais e a garantia da conectividade entre unidades navais e bases terrestres.
Integradas ao Serviço Fixo Principal (SFP) e ao Serviço Móvel Marítimo (SMM), essas Estações utilizam sistemas de criptografia de última geração para proteger as informações transmitidas. Esse nível de segurança é relevante para prevenir contra acessos não autorizados e assegurar a confidencialidade e integridade dos dados, principalmente em missões sensíveis
Sobre o SISCOM
A arquitetura do Sistema de Comunicações da Marinha (SISCOM) foi desenvolvida para operar em diferentes níveis, garantindo robustez e continuidade nas operações de comunicação naval. No centro desse sistema está o Serviço Fixo Principal (SFP), que interliga as nove Estações Rádio da Marinha por meio de uma rede de Alta Frequência (HF). Utilizando recursos próprios da instituição, o SFP assegura o envio de mensagens mesmo em situações de colapso das redes privadas contratadas para operar a Rede de Comunicações Integradas da Marinha (RECIM).
Complementando o SFP, o Serviço Móvel Marítimo (SMM) é responsável pela troca de informações entre as Estações Rádio e os navios em operação, independentemente da posição geográfica. Além disso, o SMM é utilizado para a divulgação de informações meteorológicas, avisos aos navegantes e a coordenação de operações de busca e salvamento nas áreas sob responsabilidade do Brasil.
Outro componente essencial do SISCOM é o Serviço de Radiogoniometria, composto por quatro Estações Radiogoniométricas localizadas em Campos Novos (RJ), Natal (RN), Belém (PA) e Rio Grande (RS). Integradas ao Sistema Integrado de Radiogoniometria (SIR), essas estações permitem a localização precisa de emissões de rádio, contribuindo diretamente para a inteligência operacional da Marinha.
A constante modernização do SISCOM tem sido uma prioridade da Marinha. Recentemente, foram adquiridos rádios HF de banda larga para instalação nas Estações Rádio e em meios navais, elevando o nível de confiabilidade das comunicações em ambientes adversos. Esses equipamentos possuem tecnologia avançada, como a capacidade de operar por telecomando, permitindo controle remoto sem necessidade de intervenção direta no equipamento.
RECIM
A Rede de Comunicações Integradas da Marinha (RECIM) é essencial para as operações e atividades administrativas da Marinha do Brasil, pois garante uma interligação segura entre suas diversas organizações militares. Com abrangência nacional e internacional, a infraestrutura da RECIM cobre todo o território brasileiro e assegura conectividade em regiões estratégicas, incluindo áreas remotas e desafiadoras. Esse sistema também oferece suporte a navios em missões no exterior e à Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF).
Responsável pela troca de informações entre os nove Distritos Navais, que coordenam e controlam operações em suas respectivas áreas de jurisdição, a RECIM consolida-se como uma peça fundamental para a eficácia das comunicações navais. Além disso, sua integração com sistemas satelitais, como o Sistema de Comunicações Militares por Satélite (SISCOMIS), reforça a continuidade das operações mesmo em cenários de inoperância das redes comerciais.
A robustez da RECIM vai além de sua infraestrutura. O sistema emprega medidas avançadas de segurança cibernética, incluindo a criptografia de dados e redundância de enlaces, além de monitoramento constante de sistemas críticos. Estratégias para prevenir e reagir a ameaças cibernéticas garantem que a rede permaneça resiliente frente aos desafios da guerra cibernética moderna.
Esse nível de proteção também foi expandido para as novas Fragatas Classe Tamandaré, assegurando a defesa de dados sensíveis e a continuidade das operações, mesmo diante de ataques sofisticados.
Sobre o SISCOMIS
O Sistema de Comunicações Militares por Satélite (SISCOMIS) foi estabelecido em 1985, resultado das recomendações de um Grupo de Trabalho Interministerial que analisou a utilização do segmento espacial do Sistema Brasileiro de Telecomunicações por Satélites pelas Forças Armadas. Esse projeto tinha como objetivo criar uma infraestrutura capaz de prover comunicações estratégicas e confiáveis, essencial para operações críticas em tempo de paz ou em situações de conflito.
Desde sua concepção, o sistema foi projetado para operar continuamente, permitindo que as interligações fossem integradas e testadas de forma constante, assegurando alta eficiência e rapidez no fluxo de informações.
A relevância do SISCOMIS vai além de seu escopo tecnológico. O sistema reforça a soberania nacional, permitindo que as Forças Armadas coordenem missões críticas, como operações de defesa, logística e assistência humanitária. Sua capacidade de operar sob diversas condições geográficas e climáticas o torna indispensável em regiões remotas e de interesse estratégico.
O SISCOMIS abrange todo o território brasileiro e áreas estratégicas próximas, incluindo regiões de difícil acesso, onde outras formas de comunicação seriam limitadas ou inexistentes. Essa ampla cobertura garante que as Forças Armadas mantenham conectividade e operacionalidade em qualquer cenário.
A evolução do sistema acompanha os avanços tecnológicos, garantindo que o Brasil possua uma infraestrutura de comunicações militares compatível com os desafios contemporâneos. O SISCOMIS também desempenha um papel crucial ao permitir que os navios da Marinha do Brasil (MB) acessem a RECIM durante suas comissões, assegurando uma interligação eficiente e confiável entre as unidades navais e as bases terrestres.
Esse compromisso com a modernização assegura que as comunicações estratégicas continuem fortalecendo as capacidades das Forças Armadas, protegendo os interesses nacionais e mantendo o Brasil em posição de destaque no cenário global de defesa e tecnologia.
Fonte: Agência Marinha de Notícias
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Por: Luís Celso News
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